Como Empresas Captam Recursos no Mercado de Capitais

Como Empresas Captam Recursos no Mercado de Capitais

Captar recursos de forma eficiente é um dos grandes desafios das organizações modernas. O mercado de capitais brasileiro tem se fortalecido como uma alternativa estratégica de financiamento, promovendo projetos de infraestrutura, expansão de negócios e inovação tecnológica. Entender esse ecossistema é fundamental para gestores, investidores e empreendedores que buscam otimizar custos e diversificar fontes de recursos.

Panorama Atual e Números Recordes

O ano de 2024 foi marcado por resultados expressivos no mercado de capitais. As empresas captaram um valor recorde de R$ 783,4 bilhões em 2024, o que refletiu um crescimento de 66,7% em relação ao ano anterior. Em dezembro, o montante atingiu R$ 99,4 bilhões, o maior valor mensal da série histórica da ANBIMA, iniciada em 2012.

Nos primeiros onze meses de 2024, foram obtidos R$ 677,3 bilhões, volume 44,8% acima de todo o ano de 2023. Apenas no período de janeiro a setembro, a captação chegou a R$ 541,9 bilhões, superando o total de 2023. Já em janeiro de 2025, o ritmo permaneceu aquecido, com R$ 43,1 bilhões captados.

Esses números demonstram a resiliência do mercado de capitais e a crescente confiança de investidores locais e estrangeiros, que encontram em diferentes ativos uma forma de diversificar suas carteiras e apoiar o desenvolvimento econômico.

Principais Instrumentos de Captação

As empresas brasileiras contam com diversos instrumentos para captar recursos no mercado de capitais. Cada mecanismo possui características próprias de prazo, custo e perfil de investidor. A seguir, apresentamos os principais deles:

Debêntures lideram o ranking de captação, com R$ 405,5 bilhões registrados entre janeiro e novembro de 2024. Esses títulos de dívida costumam ter prazo médio de 7,8 anos e são subscritos principalmente por fundos de investimento (46,6%). Os recursos são destinados, em média, 26,1% para investimentos em infraestrutura, 24,5% para gestão ordinária e 24,4% para pagamento de dívidas.

Certificados de Recebíveis também se destacam. Os CRIs alcançaram R$ 52,7 bilhões e os CRAs R$ 36,6 bilhões no mesmo período. Até setembro, o volume captado pelos CRIs (R$ 43,6 bilhões) e pelos CRAs (R$ 28,9 bilhões) demonstrou ritmo recorde nos três primeiros trimestres de 2024.

Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) movimentaram R$ 64,4 bilhões entre janeiro e novembro de 2024, com 625 operações até setembro, 16,2% acima do ano anterior. Já os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) captaram R$ 36,2 bilhões até setembro, 19,9% a mais que em todo o ano de 2023.

O mercado externo segue como importante fonte alternativa de crédito privado, figurando como o segundo maior canal de captação após as debêntures. Além disso, as ofertas de ações no mercado primário e as aberturas de IPOs na B3 reforçam a relevância da bolsa como via de financiamento.

Vantagens e Desafios da Captação no Mercado

Recorrer ao mercado de capitais traz benefícios estratégicos para empresas de todos os portes. Entre as principais vantagens, destacam-se:

  • Diversificação das fontes de financiamento, reduzindo a dependência de linhas tradicionais de crédito;
  • Financiamento de projetos estratégicos com prazos adequados à maturação de ativos;
  • Estruturação patrimonial eficiente, pois permite emitir títulos sem comprometer garantias;
  • Maior visibilidade de mercado e atração de investidores institucionais.

No entanto, há desafios a considerar. A emissão de valores mobiliários exige processos regulatórios rigorosos e custosos, além de dependência de variáveis macroeconômicas, como taxa de juros e inflação. A comunicação com investidores deve ser transparente, demandando equipes especializadas e governança corporativa robusta.

Evolução Histórica e Perspectivas Futuras

O mercado de capitais brasileiro consolidou-se ao longo de décadas como fonte de recursos para a economia real. Desde 2012, a série histórica da ANBIMA vem registrando crescimento sustentável das captações, mesmo diante de crises econômicas e políticas.

Segundo Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da ANBIMA, observamos mercado mais maduro e democrático, com diversidade de emissores e de ativos. Ele ressalta ainda a evolução do ponto de vista regulatório, que tem tornado os instrumentos cada vez mais atraentes e acessíveis.

O futuro aponta para uma ampliação do uso de plataformas eletrônicas, aumento da participação de investidores estrangeiros e avanços em fintechs e crowdfunding empresarial. A expectativa é de que o mercado primário de ações e dívidas continue se fortalecendo, contribuindo para o desenvolvimento econômico e para a inovação no país.

Considerações Finais

Captar recursos por meio do mercado de capitais oferece às empresas uma gama de instrumentos alinhados às necessidades de financiamento de curto, médio e longo prazos. A diversificação de ativos, aliada à solidez regulatória, faz desse ambiente um pilar para o crescimento sustentável.

Para gestores, compreender o funcionamento de cada instrumento e avaliar o perfil de investidor adequado é fundamental. Com planejamento estratégico, governança eficiente e comunicação transparente, as empresas podem explorar todo o potencial do mercado de capitais e fomentar projetos que impulsionem o progresso econômico e social.

Robert Ruan

Sobre o Autor: Robert Ruan

Robert Ruan, 31 anos, é colunista no aspediens.com, especializado em crédito pessoal, renegociação de dívidas e soluções de investimentos.